CYBERBULLYING, VALENTIA IMPIEDOSA NO AMBIENTE ESCOLAR

Breno Luiz Soares Cardoso

Humberto Rosa de Freitas

Rosemere Aparecida Borges

Sheila Elisabete Regiane de Souza

Sebastião Gessy da Fonseca





INTRODUÇÃO

Com o advento pandêmico no ano de 2020, a necessidade e obrigatoriedade do isolamento social, vivenciamos em nosso cotidiano a dita 4ª (quarta) revolução industrial de forma abrupta em todos os seguimentos sociais. O COVID-19 adiantou ao menos uma década nos preceitos de automação industrial previstos pela sociedade, cultura, economia, arte, educação dentre todos os saberes e necessidades humanas em ascensão ou que já começavam a entrar no campo obsoleto das coisas e conhecimentos em todos os setores que o homem julga ter inteligência e domínio racional e emocional.

A existência de recursos tecnológicos, meios de comunicação, redes sociais, fake News e tudo mais o que as pessoas possam utilizar tem-se tornado corriqueira e quase normal ou comum as questões de bullying nos mais inusitados ambientes, uma vez que as pessoas estão se acostumando com as ações de pessoas ou grupos que o praticam.

Um dos agentes com enfoque observacional é o do bullying, onde o mesmo ultrapassou as fronteiras do presencial e chegou ao meio eletrônico através de ferramentas que deveriam ser aliadas da comunicação e aprendizagem, demonstrando-nos que é imprescindível a orientação de nossos discentes, independente do grau em formação, muitos deles encontravam e ainda estão em uma escalada social menos privilegiada de acessos, ferramentas e cultura social, política e econômica, contando que muitos de nossos alunos em tenra idade não possuem discernimento para saberem diferenciar uma brincadeira de uma agressão com grandes inconvenientes e infortúnios na vida de seus pares, e que geram grandes impactos na vida de suas vítimas. Estes alunos, que a priori são desprovidos de recursos tecnológicos e até mesmo os que possuíam estes recursos, advinham de um sistema educacional até a instauração do processo de isolamento imposto pelas autoridades politico-governamentais que os acabrunhavam de utilizar tais artifícios no âmbito escolar e viram-se em questão de menos de 10 (dez) dias obrigados a adaptarem e utilizarem efetivamente as tecnologias, seus recursos de comunicação para diminuir o distanciamento e trazer para si a responsabilidade de utilizar, aprender, aprimorar e gerir o que antes lhes era proibido.

É fato que a utilização do celular, em sala de aula, já vinha se tornado uma realidade quando o professor aplica atividades que extrapolam o universo do livro didático, do quadro “negro” e permite ao aluno ampliar os horizontes da pesquisa, tornando-se aliado da educação. Contudo, no cotidiano, percebe-se que alunos fazem usos que vão além da proposta, se atendo mais ao mundo dos aplicativos de comunicação e compartilhamento de “informações”, como WhatsApp, Facebook, Instagram, dentre outros, que são inerentes ao convívio social fora da escola. Apresentando claramente 02 (duas) questões: a baixa utilização do equipamento para fins pedagógicos ou de caráter cultural relevante para o desenvolvimento dos alunos e a preocupante utilização desses aplicativos, dentro da escola, como fonte de agressão, o bullying efetivo e em processo evolucionário para o cyberbullying.

Metodologicamente, este trabalho é uma pesquisa bibliográfica, documental, no qual estão sendo utilizados todos os recursos didáticos e tecnológicos, eletrônicos, mídias, dentre outros, na busca de informações fidedignas, de cunho científico, com a intenção de originar um texto de revisão.

A priori, identificamos a advinda originalidade para desenvolvimento desta pesquisa o fato de os envolvidos, ao buscarem por um tema atual, relevante e de elaboração de um plano de ação aplicável e benéfico na instrução de um leque de pessoas, entenderem poderão, efetivamente, instruir trazendo verdadeiramente uma transformação social atual e para as futuras gerações. Após observação ampla e irrestrita do cotidiano humano por parte dos pesquisadores, deu-se o ponto de partida para reflexionarem, definirem o tema e averiguarem a necessidade de ações de combate ao cyberbullying no meio educacional, onde desperta, firma-se e vem apresentando uma crescente ocorrência em meio a toda situação de obrigatoriedade de uso das mais distintas ferramentas tecnológicas e sociais sem contato humano face a face. Os pesquisadores sobre o assunto cada vez mais estão impelidos a aprofundar e analisar seus conhecimentos neste campo de atuação do profissional do magistério a fim de mediar, remediar e até mesmo impedir que tais fatos comecem ou tenham consequências catastróficas dentro e fora das vivencias de ensino-aprendizagem, sejam elas presenciais, remotas ou totalmente em ensino a distância.



COVID-19 O VÍRUS DO ISOLAMENTO SOCIAL FÍSICO

Todos os seres humanos nas mais variadas e diversificadas localidades globais com recursos tecnológicos de comunicação estavam em crescente ascensão, adaptação, efetivo uso de seus recursos e imersão efetiva ao uso de seus recursos na interação social no espaço virtual. O vírus denominado COVID-19 veio apenas para agilizar este processo de evolução-revolução humana. Apresentamos a seguir alguns dos conhecimentos básicos sobre esse mal que propagou a necessidade humana de migrar e utilizar o quanto antes as ferramentas tecnológico-comunicativas para evitarem contágio pela enfermidade e também sentirem-se aceitos pelos seus companheiros sociais no início, em meio ao processo de contaminação e que com certeza permanecerá após sua passagem, evoluímos pela dor e pelo amor literalmente.

De acordo com o Ministério da Saúde (2020), os coronavírus são uma grande família de vírus comuns em muitas espécies diferentes de animais, incluindo camelos, gado, gatos e morcegos. Raramente, os coronavírus que infectam animais podem infectar pessoas, como exemplo do MERS-CoV e SARS-CoV.

Corroborando na especificação do vírus, Duarte (2020) explana que o surto de uma doença ocasionada por um novo coronavírus e caracterizada por desenvolver pneumonia, foi relatada em Wuhan, província de Hubei, China (HUANG et al, 2020; LI et al, 2020). O Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV) adotou síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2) como nome para o novo vírus causador da COVID-19 (GORBALENYA et al, 2020; WHO, 2020).

O Ministério da Saúde Brasileiro (2020) ainda informa que a transmissão acontece de uma pessoa doente para outra ou por contato próximo por meio de toque do aperto de mão contaminadas; gotículas de saliva; espirro; tosse; catarro; objetos ou superfícies contaminadas, como celulares, mesas, talheres, maçanetas, brinquedos, teclados de computador etc.

Conforme apontado por BARRETO et al (2020), é insuficiente o conhecimento científico sobre o novo coronavírus, sua alta velocidade de propagação, disseminação e capacidade de provocar mortes em populações, principalmente as mais vulneráveis, o que gera incertezas quanto à escolha das melhores estratégias a serem utilizadas para o enfrentamento da epidemia em todas as diferentes partes do mundo. No Brasil, os desafios que se apresentam são superiores, devido às características de transmissão da Covid-19 num contexto de grande desigualdade social e demográfica, com populações vivendo em condições precárias de habitação e saneamento, sem acesso constante à água, em situação de aglomeração e com alta prevalência de doenças crônicas.

Neste contexto, o que nos deixa alarmados são as condições mínimas que muitos brasileiros e pessoas de outras nacionalidades enfrentam em busca da subsistência e sobrevivência, em um cenário de desigualdade social exacerbada e de forma repentina e ainda terem que se inserirem em um mundo de tecnologias e acessos virtuais até então totalmente inacessíveis. São tempos catastróficos, pois estão gerando um cenário de maior vulnerabilidade, acentuação da queda de riqueza dos menos favorecidos, se é que podemos afirmar que estes possuíam algum bem palpável além do seu trabalho em busca de alimentos e de atender de fato suas necessidades básicas, necessidades estas que geram a maior taxa de letalidade e propagação do vírus, pois muitos estão desprovidos de uma premissa essencial à contenção da carga viral do COVID-19, o saneamento básico.

É de suma importância destacar que a letalidade pela COVID-19 é determinada tanto pelas características intrínsecas dos indivíduos infectados (idade, doenças prévias, hábitos de vida) quanto pela oferta/disponibilidade de recursos terapêuticos (leitos hospitalares, equipes de saúde, ventiladores mecânicos e medicamentos). Por essa razão, a análise da letalidade deve levar em consideração essa combinação de fatores. Notifica que as diferenças espaço temporais na letalidade por COVID-19 entre os estados brasileiros podem refletir desigualdades sociais, econômicas, culturais e estruturais. Nesse sentido, não há uma solução única para todo o país, mas as políticas devem observar as singularidades regionais SOUZA (2020).



COVID-19 IMPACTANDO A INDÚSTRIA 4.0

A efetiva automação industrial prevista para alguns anos ou até mesmo décadas teve seu florescimento e avanço precoce devido à necessidade de implantação em pronto decorridas do fator de preservação da vida humana ser um marco, evitando assim a propagação do vírus COVID-19 a um número exacerbado e desmedido de pessoas no globo terrestre. A valoração da vida sobrepôs necessidades políticas e individuais. A humanidade está passando por uma fase de maior contato emocional através dos meios de comunicação, mídias sociais e todos os recursos aos quais conseguir lançar mão para saírem mais unidos tecnologicamente, unidos em compartilhamento de saberes e pesquisas cientificas. A premissa é que possamos educar os jovens e nos reeducar com a finalidade de utilizar todas as ferramentas e tecnologias ao nosso alcance para disseminar informações e realizar o bem para a maior parcela de pessoas que consigamos alcançar.

PASSOS (2020) salienta a importância de destacar que, segundo a CNI (2016), “o conceito de Indústria 4.0, contudo, vai além da integração dos processos associados à produção e distribuição, envolvendo, também, todas as diversas etapas da cadeia de valor”. Essas etapas, segundo a CNI (2016), “compreendem do desenvolvimento de novos produtos, como projeto, desenvolvimento, testes e até mesmo a simulação das condições de produção até o chamado período pós-venda”. Afirmando com isso que a incorporação da digitalização na atividade industrial permitiu a integração e controle da produção a partir de sensores e equipamentos conectados em rede e da fusão do mundo real com o virtual, criando os chamados sistemas ciber-físicos e viabilizando o emprego da inteligência artificial (CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA, 2016).

Em estudos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) referentes aos Desafios para a Indústria 4.0 no Brasil (2016), as principais tecnologias habilitadoras por trás dessa indústria 4.0 compreendem os seguintes meios e materiais: a internet das coisas; o big data; a computação em nuvem; a robótica avançada; a inteligência artificial; novos materiais; e as novas tecnologias de manufatura aditiva (impressão 3D) e manufatura híbrida (funções aditivas e usinagem numa mesma máquina), deixando explícito no momento de isolamento social decorrente da situação global vivenciada com a proliferação do vírus em nível alarmante e pandêmico, que a indústria 4.0 está muito além dos saberes e utilização das classes sociais menos favorecidas e, ao mesmo tempo, que toda a sociedade global correu contra o tempo para coloca-la em tempo recorde em funcionamento.

Os negócios tiveram que ser automatizados, as vendas realizadas através dos mais diversificados meios e recursos sociais, a tecnologia foi implantada e colocada em uso de maneira abrupta. Médicos começaram a realizar consultas através de consultórios virtuais, tivemos a implantação de aplicativos em android ou até mesmo somente um link, virtual, para dar um diagnóstico de possível contaminação pelo novo coronavírus. A maioria das vendas passaram a deixar o ambiente de lojas físicas, reduzindo, com isso, os empregos e as cargas horárias e obrigações fiscais e trabalhistas impostas a estabelecimentos onde as pessoas iam pessoalmente realizar suas compras. Nos adaptamos ao nosso novo e permanente dito “novo normal”, a 4ª (quarta) Revolução Industrial foi instaurada e a necessidade de progresso e sobrevivência foram tão imediatas que deixou pouco espaço para questionamentos, ocorreram as implantações tecnológicas e de comunicação necessárias onde as empresas que não se adaptaram já encerraram suas atividades ou estão caminhando para este fato inevitável.

O ambiente escolar também incluso neste processo revolucionário já cambiava para o ensino a distância. Com o novo normal, primeiramente tiveram um curto espaço de tempo para se adaptarem, modernizarem, reverem seus conceitos pedagógicos, aderirem à realidade imposta por motivos de saúde e muitos recursos que antes eram extirpados da sala de aula tornaram-se essenciais para a sobrevivência do processo ensino aprendizagem. Com isso, podemos dizer que sim, o meio acadêmico, seja de âmbito público ou privado, participa inquestionavelmente da quarta revolução industrial, com suas ferramentas, tecnologias, meios de comunicação, material humano e todos os demais recursos disponibilizados pela necessidade de automação, autonomia e independência nas relações humanas.



REDES SOCIAIS E PLANEJAMENTO ESCOLAR VIRTUAL

É sabido que o multiculturalismo é uma característica da sociedade atual. Saber interpretá-lo e inseri-lo em uma nova proposta curricular é desafiador, mas acredita-se que, nesse caso, seja extremamente necessário. As transformações que ocorrem constantemente na sociedade nos remete à característica do multiculturalismo, onde Moreira (2002, p.16) indica que o multiculturalismo representa a formulação de definições conflitantes de mundo social, decorrentes de distintos interesses econômicos, políticos e sociais. E no âmbito educacional, Moreira (2002, p.16) aponta que tal conceito corresponde à natureza da resposta que é dada em ambientes educativos.

A sociedade, assim, atende às necessidades de suas transformações. E como a educação é proponente de novas ideias e ao mesmo tempo atenta às mudanças de uma maneira em geral. Corroborando, Moreira (2002, p.19-20), afirma que:

O multiculturalismo proposto deve atentar para a necessidade de trocas, de estratégias dialógicas, em que ambas as partes participem como produtores de cultura e saiam com seus horizontes culturais ampliados. O diálogo das diferenças se impõe, apesar das dificuldades envolvidas em sua concretização no cotidiano das experiências educacionais. (MOREIRA, 2002, p. 19-20).

E nesse contexto, nota-se que a sociedade mudou muito nas últimas décadas. Tão logo a educação. Os recursos tecnológicos de comunicação e informação têm se desenvolvido e se diversificado rapidamente. Não se pode ignorá-los ou desprezá-los. Dessa maneira, pretende-se verificar qual o papel da escola com relação à utilização das novas tecnologias pelos alunos que chegam a causar agressões físicas, verbais e até mesmo o cyberbullying e como fazer para incorporar as novas tecnologias em prol de uma melhor educação.

Diante de tais fatos, é um grande desafio para a escola verificar as diversas manifestações nesse sentido e estar em sintonia com o seu atual momento. Trazer ao ambiente escolar a discussão sobre o assunto torna-se necessário e imprescindível, para que se conheça em que campo se pisa e quais olhares tornam- se necessários com o alunado.

Atualmente, tais assuntos têm sido amplamente abordados cientificamente e divulgados através de pesquisas. Dessa forma, a relevância teórica é determinante para balizar os conhecimentos já existentes e alinhavar uma prática condizente com a realidade escolar.

A internet se popularizou e trouxe consigo as ferramentas de comunicação e, consequentemente, o bullying passou a ser praticado também nesse ambiente virtual. Esse “novo lugar”, definido por Pierre Levy (1999) como ciberespaço,

É um espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores. Essa definição inclui o conjunto dos sistemas de comunicação 3 eletrônicos (aí incluídos os conjuntos de redes hertzianas e telefônicas clássicas), na medida em que transmitem informações provenientes de fontes digitais ou destinadas à digitalização. (LÉVY, 1999, p. 92)

Esse ambiente virtual pode gerar consequências aos seus usuários em decorrências da má utilização. Verifica-se que o cyberbullying se torna uma modalidade de bullying e é praticado através das redes sociais.

Como trabalhar essas questões que, ao mesmo tempo em que não são do contexto escolar, acabam por se tornarem parte do nosso cotidiano? Como levar os alunos a vislumbrarem a utilização correta das redes sociais e afins? Por que ocorre a má utilização dos aplicativos e redes sociais, causando transtornos no ambiente escolar?

A comunidade escolar é composta por pessoas que têm suas individualidades, seu histórico familiar, suas diferenças, que faz da escola um espaço dinâmico e dialético, consubstanciado em relações pedagógicas e sociais: “... há muito, não é mais um palco para questões exclusivamente curriculares” (AMARO, 2017, p. 07)

Além disso, a escola deverá atuar na tentativa de verificar as causas que levam os nossos alunos à má utilização das redes sociais e aplicativos. Entender os motivos é uma tentativa de realizar as intervenções coerentes e necessárias sobre o assunto. Como o tema estudado é desafiador e inerente às transformações da sociedade em que se vive, torna-se necessário um aprofundamento nos estudos e, por consequência, sua inserção no projeto político-pedagógico da instituição. Não deve ser um estudo isolado e com ações pontuais. Necessita-se de frequência e regularidade nas inferências sobre o assunto para que não se perca o combate a uma questão tão recorrente e atual no contexto escolar e da sociedade como um todo.

Dessa forma, necessita-se verificar os motivos da má utilização das redes sociais e aplicativos que culminam em agressões físicas, verbais e virtuais entre os alunos das escolas.



BULLYING E CYBERBULLYING NO AMBIENTE ESCOLAR

Tornou-se essencial para entendimento do contexto cyberbullying, voltar ao conceito original do bullying para que se possa delimitar cronologicamente as ações dessas situações presentes no cotidiano escolar.

Fante (2005) define bullying como “um conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente, adotado por um ou mais alunos contra outros, causando dor, angústia e sofrimento”

Dan Olweus (1993) foi um dos primeiros a realizar estudos sobre violência no ambiente escolar. Ele desenvolveu os primeiros critérios para a identificação do bullying na escola, diferenciando-o de outras possíveis interpretações sobre o comportamento dos escolares. Em uma de suas pesquisas, entrevistou 84.000 estudantes em diversos níveis e períodos escolares, 400 professores e cerca de 1.000 pais. Através desses estudos verificou-se que, a cada grupo de sete alunos, um estava envolvido em situações de bullying (FANTE, 2005).

Fante (2005) informa que, segundo o professor Olweus, os dados de outros países sobre a ocorrência de bullying indicam que esse tipo de conduta existe com relevância similar ou superior às da Noruega, como é o caso da Suécia, Finlândia, Inglaterra, Países Baixos, Japão, Irlanda, Espanha, Austrália Canadá e Estados Unidos.

Assim, o bullying é uma ação intencional de um autor no sentido de intimidar ou ameaçar sistematicamente a vítima, causando sensação de desconforto e sem que a vítima consiga qualquer tipo de reação.

Na Cartilha organizada pelo Conselho Nacional de Justiça, que versa sobre o tema do “bullying”, dentro do projeto: Justiça nas Escolas, Barbosa Silva, conceitua e explana tal prática como:

“...é utilizado para qualificar comportamentos agressivos no âmbito escolar, praticados tanto por meninos quanto por meninas. Os atos de violência (física ou não) ocorrem de forma intencional e repetitiva contra um ou mais alunos que se encontram impossibilitados de fazer frente às agressões sofridas. Tais comportamentos não apresentam motivações específicas ou justificáveis. Em última instância, significa dizer que, de forma “natural”, os mais fortes utilizam os mais frágeis como meros objetos de diversão, prazer e poder, com o intuito de maltratar, intimidar, humilhar e amedrontar suas vítimas.” (BARBOSA SILVA, 2010, P.7)

Atualmente, encontra-se uma forma diferenciada do Bullying, o Cyberbullying que está presente nas escolas e é difundido através das redes sociais e aplicativos utilizados, principalmente, em aparelhos celulares.

Interessante ressaltar que, muitas vezes, as ações de agressões chegam ao bullying virtual ou cyberbullying, conforme mostra Rodrigues (2015, p.01)

A palavra bullying tem origem na língua inglesa e faz referência a bully, que entendemos como “valentão”, aquele que maltrata ou violenta de forma constante outras pessoas por motivos supérfluos. É justamente esse ato de maltratar ou violentar o outro de forma sistemática e repetitiva que é denominado bullying. Falamos de cyberbullying, então, quando a agressão se passa pelos meios de comunicação virtual, como nas redes sociais, telefones e nas demais mídias virtuais. (RODRIGUES, 2015, p.01)

Esse novo tipo de violência, de rápida propagação em função do uso das tecnologias de comunicação e redes sociais, ultrapassou o limite da escola e se estendeu pela comunidade, para além do ambiente escolar. Nesse sentido, o bullying ganha uma nova conotação. Em função do meio e forma com que se dissemina, ganha o nome de violência virtual.

Esse conceito de violência ganha o nome de cyberbullying, através de Belsey (2004), definindo-o como o uso das tecnologias da informação e comunicação, como meio de “difamar ou apoiar de forma deliberada comportamento”. É o uso dos equipamentos, aplicativos e internet, usados no ato da violência, agora virtual.

É notório que o cyberbullying está presente no cotidiano escolar e que a escola absorve os problemas oriundos do mesmo. Observa-se discussões e brigas ocorridas nas imediações das escolas e ao se buscar a origem, fica claro que são provenientes de ameaças virtuais - “cyberbullying”, e culminavam em agressões verbais e/ou físicas.

A necessidade de intervir e ser agente ativo no combate traz questionamentos que apresentam a necessidade da discussão com a comunidade, visto que são questões que, ao mesmo tempo não fazem parte do contexto escolar, mas acabam por se tornarem parte do seu cotidiano.

Outra discussão inerente à situação é a necessidade de conscientizar os alunos a vislumbrarem a utilização correta das redes sociais e seus afins, uma vez que a má utilização dos aplicativos e redes sociais causa transtornos no ambiente escolar.

Uma possibilidade ou um caminho que se pode trilhar é o do entendimento das causas. Procurar compreender os motivos que levam os alunos à má utilização das redes sociais e dos aplicativos no sentido de realizar intervenções coerentes e com o auxílio de todos os envolvidos família, professores e funcionários. Abordar o assunto de forma multidisciplinar e culminar com ações e propostas concretas para a erradicação desta situação na escola também é outra possibilidade.

Faz-se necessário conhecer os motivos da má utilização das redes sociais e dos aplicativos, culminando em agressões físicas, verbais e virtuais entre os alunos das escolas, deixando claro a necessidade de se apresentar, de forma contundente, o cyberbullying, sua origem e consequências, ao conhecimento de todos.

Durante a pesquisa, buscou-se referenciais teóricos de autores renomados, portanto o trabalho se apoia na fundamentação proposta por Olweus (1993), pioneiro em sistematizar o problema do bullying de alunos realizado pelos professores, professor de psicologia que, na década de 1980, realizou o primeiro estudo sistemático de intervenção contra o bullying no mundo, no qual documentou uma série de efeitos positivos e que constam hoje no Programa de Prevenção Olweus Bullying (OBPP).

Outro autor consagrado, Pierre Levy, estudioso filósofo e pesquisador, que concentra seus estudos especialmente na área da cibernética e da inteligência artificial, ainda aborda o papel fundamental das tecnologias na esfera da comunicação e a performance dos sistemas de signos na evolução da cultura em geral.

No Brasil, Cleo Fante, em sua obra Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz, e sendo uma das principais pesquisadoras na área de bullying e cyberbullying, afirma que é nos primeiros anos escolares que podem surgir os traumas que se originam na violência sofrida tanto em casa como na escola. A autora enfatiza a necessidade de resgatar a saúde emocional da criança o mais cedo possível FANTE (2005).



CIBERESPAÇO, CIBERCULTURA, REDES SOCIAIS, CYBERBULLYING

Nota-se que a utilização da internet e, por consequências, seus mais variados recursos tecnológicos estão inseridos no nosso cotidiano. Tornando-se um fator cada vez mais comum. Já no ambiente escolar, está mais visível nos materiais dos alunos que propriamente na utilização adequada para fins pedagógicos.

O filósofo francês Pierre Levy (1999), estudioso das relações entre internet e sociedade caracteriza ciberespaço e cibercultura como:

O ciberespaço (que também chamarei de „rede‟) é o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial de computadores. O termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação digital, mas também o universo oceânico de informações que ele abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanto a neologismo „cibercultura‟, especifica aqui o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e valores que se desenvolvem com o crescimento do ciberespaço. (LÉVY, 1999, p.17)

Dessa forma, torna-se cada vez necessário que o professor se atualize e esteja atento com as possibilidades dos objetos de aprendizagens, nas suas variadas formas, e seus repositórios. Nesse sentido, poderá tratar dos problemas que são trazidos para dentro da escola através das redes sociais, aplicativos, entre outros. Nota-se que o Cyberbullying fica mais frequente entre os alunos e não podemos deixar de intervir e orientar. Verificamos em Lisboa e Wendt 2013 que:

As formas mais comuns de cyberbullying ocorrem, geralmente, através do envio de e-mails, mensagens de texto, divulgação de fotos e vídeos ofensivos, manipulação de imagens, insultos em salas de bate-papo ou em redes sociais, que podem ser anônimos e atingir um público infinito de expectadores em pouco tempo (LISBOA E WENDT, 2013, p.78)

Nota-se que o professor fica em uma situação delicada. Muitas vezes, sem tempo para elaborar um bom planejamento e outras, possui tal planejamento, mas não possui infraestrutura adequada.

E o que são as redes sociais? Para Bettio, Juliani, Juliani e Souza (2012), o termo redes sociais remete às ferramentas tecnológicas que permitem com que os relacionamentos sociais ocorram virtualmente, sem desconsiderar os indivíduos que as manipulam.

Um dentre os diversos desafios existentes é saber como utilizar tais objetos no contexto educacional, bem como retirar a má utilização por parte de alguns alunos. É um processo de aprendizagem tanto para o corpo docente quanto para o corpo discente. Nesse sentido, é possível vislumbrar uma ligeira queda de braço entre os professores. O novo e o velho disputam o mesmo espaço e nem sempre o “novo” consegue emergir com naturalidade. Também com relevância, se encontra a necessidade de verificar a má utilização das redes sociais por parte dos alunos e como intervir de maneira adequada. Tal situação pode ser melhor esclarecida em Lisboa e Wendt:

Antes de optar por uma postura impositiva e restritiva acerca do uso da tecnologia, é mais importante intervir preventivamente. Desse modo, um ambiente escolar positivo, no qual os professores expressem apoio emocional aos alunos, pode ser muito eficaz para a prevenção do cyberbullying e, inclusive, do comportamento suicida (LISBOA E WENDT, 2013, p.82)

Mas, se verifica as vantagens da utilização de tais recursos, conforme Gimenes, Santos e Tocseck:

As vantagens de aliar os recursos tecnológicos virtuais com o ensino presencial são enormes e alinham-se à constante pressão que o professor sofre, por parte das secretarias de educação e do próprio governo, para aumentar o tempo de permanência em sala de aula, expandir a quantidade de conteúdos obrigatórios no currículo da educação básica e aprofundar mais os conhecimentos ministrados (GIMENES, SANTOS E TOCSECK, 2014, p.113)

Um bom planejamento perpassa por boas estratégias. E, na educação, é preciso pensar o “como fazer”. As estratégias pedagógicas devem facilitar as ações do professor no processo de ensino aprendizagem. Somente ele é capaz de avaliar qual é o seu tipo de público, qual a infraestrutura que possui e quais os objetos de aprendizagem que se adequam ao contexto.

O aluno passa a fazer parte do conhecimento. Para BRAGA (2014), isso comprova que a tecnologia está a serviço da educação, oferecendo novas formas de pesquisa, linguagem e materiais a serem explorados e utilizados, mas nada substitui a ação intencional, reflexiva e planejada do professor.

Mais uma vez, a tecnologia que está ao nosso dispor não se manifestará sozinha. Ela precisa ser conduzida pelo professor. Deve ser tratada de maneira adequada, bem planejada e deve ser encantadora aos alunos. É o condutor, o ator principal em um mundo com recursos de estratégias virtuais variadas. Cabe a ele inovar, e aos gestores o constante incentivo para que as inovações tecnológicas participem cada vez mais do processo de ensino-aprendizagem.

É inerente ao educador, mas não somente, saber identificar tais diferenças. Mas não é tarefa para o educador isoladamente. Conscientizar toda a comunidade escolar faz a diferença na identificação tanto de agressores quanto das vítimas.



CYBERBULLYING E CONSEQUÊNCIAS

O Cyberbullying possui efeitos que acabam prejudicando o cotidiano de suas vítimas. Uma de suas peculiaridades é o anonimato do seu agressor. Com a facilidade de acesso à internet e, consequentemente, às redes sociais e aplicativos, torna-se uma maneira efetiva de difamação da vítima e, causando prejuízos sociais e psicológicos negativos.

As intimidações do cyberbullying ocorrem num mundo virtual. Porém, as consequências se manifestam na vida das vítimas e acabam tendo danos extremamente devastadores, podendo em casos extremos culminar em casos de suicídios. Conforme relata MAIDEL (2009), dentre as consequências mais comuns às vítimas encontram-se:

Os prejuízos na socialização e baixa autoestima, pois a vítimas tendem a se isolar como forma de se proteger de novos ataques; prejuízos à aprendizagem, pois há uma queda na atenção da criança e quando é sabido que o cyberbullying origina-se na escola, a vítima tende a faltar às aulas (MAIDEL, 2009, p.116)

Além dessas consequências citadas, pode-se verificar ainda danos à saúde física e emocional da vítima, manifestadas por sintomas como: ansiedade, depressão, tristeza, estresse, medo, apatia, raiva reprimida, dores de cabeça e estômago, angústia, distúrbios do sono, perda de apetite, isolamento, dentre outros (MAIDEL, 2009).

Ainda com relação às conseqüências causadas nas vítimas, pela prática do cyberbullying, Barbosa Silva ressalta:

“Além de a propagação das difamações ser praticamente instantânea o efeito multiplicador do sofrimento das vítimas é imensurável. O cyberbullying extrapola, em muito, os muros das escolas e expõe a vítima ao escárnio público. Os praticantes desse modo de perversidade também se valem do anonimato e, sem nenhum constrangimento, atingem a vítima da forma mais vil possível. Traumas e consequências advindos do bullying virtual são dramáticos. (BARBOSA SILVA, 2010, p. 08)

Concordando com o autor acima citado, AMARO (2017) ressalta que, devido à facilidade de acesso e velocidade de disseminação, o “cyberbullying” é tão ou mais danoso que o “bullying”, o que infere dizer que é de extrema relevância traçar estratégias na perspectiva de superar e prevenir tal violência.

Precisa-se conscientizar e envolver todos os partícipes, alunos, professores, funcionários e pais, para que essa forma de agressão virtual seja extinta do contexto escolar.



PROPOSTA METODOLOGICA PARA APLICAÇÃO PRATICA

Essa nova forma de Bullying, o Cyberbullying, torna-se cada vez mais frequente no cotidiano escolar. Diante dessa situação, necessita-se um olhar criterioso e crítico sobre o tema. A comunidade escolar precisa ser ouvida para que possa inferir de maneira positiva na realidade escolar. A relação entre agressor e vítima merece uma atenção especial não somente, mas principalmente no ambiente escolar, pois entende-se que seus agentes estejam desfrutando de uma via de conhecimento, e não de opressão.

O Cyberbullying, é tema de projetos de intervenção nas escolas da rede pública e privada, onde se constata aumento da utilização de aparelhos celulares por parte dos alunos e as constantes solicitações de intervenções em agressões. Na maioria das vezes, tais agressões são feitas através de redes sociais e/ou aplicativos.

Nesse sentido, este artigo trata-se de uma pesquisa-ação com revisão bibliográfica sobre o cyberbullying, as redes sociais e a escola inserida nesse contexto.

Conforme pode-se observar em DIONNE (2007), a pesquisa-ação é:

Definida como prática que associa pesquisadores e atores em uma mesma estratégia de ação para modificar uma dada situação e uma estratégia de pesquisa para adquirir um conhecimento sistemático sobre a situação identificada. (Dionne,2007, p.68)

É um caminho de troca entre pesquisador e pesquisa que favorece a troca de conhecimentos, a cooperação e uma possibilidade de intervenção na realidade vivida. Corroborando com essa ideia, verifica-se em THIOLLENT(1996) que a pesquisa-ação se apresenta como:

Pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. (THIOLLENT, 1996, P.68)

Informar-se-á aos possíveis participantes do estudo todas as normas e regras para participação do estudo. A princípio serão colhidas as devidas autorizações, registradas, arquivadas e sem adulteração das informações. A pesquisa deve ser realizada no período aproximado de 06 (seis) meses a um ano, envolvendo professores, funcionários do quadro administrativo, alunos e pais, pertencentes às escolas da rede pública e privada. Os dados dos entrevistados, obrigatoriamente, são preservados.

Inicialmente, o tema será apresentado para a comunidade escolar em dias alternados, de acordo com a disponibilidade das escolas, com explanação do tema a fim de que todos ficassem a par do que trataria o projeto e as intencionalidades do mesmo.

A elaboração e preenchimento dos questionários ocorreram entre os primeiros 30 (trinta) dias, período inicial da pesquisa de campo.

Os dados coletados posteriormente ao preenchimento dos questionários por parte das pessoas que aceitarem participar do estudo. A partir desse momento, seguir-se-á a análise dos dados.

Foi usado o questionário, porque segundo Gil 1999, pode ser definido como:

[...]a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc. (GIL 1999, p.128)

Ainda segundo o autor:
a. As perguntas devem ser formuladas de maneira clara, concreta e precisa;
b. Deve-se levar em consideração o sistema de preferência do interrogado, bem como o seu nível de informação;
c. A pergunta deve possibilitar uma única interpretação;
d. A pergunta não deve sugerir respostas;
e. As perguntas devem referir-se a uma única ideia de cada vez.

Presumimos com possibilidade de retiradas e acréscimos conforme verificadas as necessidades e utilidades da coleta de dados, aplicação para os alunos de um questionário com de aproximadamente 21 (vinte e uma) questões, sendo 20 objetivas e uma aberta. Para funcionários, professores e pais, a pretensão é de 14 (quatorze) questões, sendo treze (13) objetivas e uma (1) uma aberta.

O intento e busca de verificar o conhecimento dos envolvidos sobre a valentia maliciosa utilizada nas redes sociais para inferir sofrimento dentro e fora do âmbito escolar, os motivos que levam a má utilização das redes sociais e afins que podem culminar em cyberbullying e a elaboração de um projeto institucional para tratar o tema, versando sobre suas implicações familiares, sociais, culturais, religiosas, políticas, econômicas dentre os mais diversificados ambientes que possa chegar essa difusão de informação para edificar-nos enquanto seres racionais que somos.



ANALISE DOS DADOS

Inicialmente, foi apresentada uma abordagem teórica sobre o bullying, e o cyberbullying, seus conceitos, características e as formas como eles podem ocorrer. Em seguida, é realizada uma reflexão sobre as consequências advindas do cyberbullying. Logo após, é apresentado um estudo sobre a intervenção realizada, analisando-a sob a luz do material teórico apresentado. Ao final, é apresentada uma conclusão sobre o cyberbullying no ambiente escolar, onde se verifica a necessidade de informar para prevenir e intervir no sentido de minimizar tais ações no cotidiano escolar.

Sendo assim, o assunto não deve ser abordado apenas em um momento específico. Necessita ser explorado, entendido e tratado de maneira informativa e coerente, recebendo a devida atenção por parte de professores para que não se torne algo “normal” no ambiente escolar.

Conforme verificado em FANTE (2005), a autora nos mostra que a falta de conhecimento sobre o bullying por parte dos funcionários escolares é um fato comum na maioria das escolas.

A escola é um ambiente de aprendizagem e preparação para a vida individual e coletiva, e como tal deve manter-se atenta a todas as possibilidades possíveis com relação aos acontecimentos inerentes ao ambiente escolar. O cyberbullying é uma demanda que está inserida no atual contexto da sociedade e que causa dano ao processo evolutivo do aluno, formando barreiras psíquicas que podem comprometer o aprendizado discente.

Dessa forma, vislumbra-se uma escola capaz de receber e absorver os diversos problemas inerentes aos seus alunos e oferecer-lhes soluções cabíveis a cada situação.

Estar atento a qualquer mudança de comportamento é uma maneira de prevenção ao cyberbullying. A informação sobre o assunto auxilia os professores e funcionários a manter o olhar acurado sobre os alunos. Estes deverão estar atentos aos vários sinais emitidos pelos agredidos, que mudam por completo o comportamento na sala de aula, até mesmo na relação interpessoal com os colegas.

É sempre importante lembrar que a prevenção ainda é a melhor aliada nesses casos. Informação e prevenção são os principais aliados na proposta de uma escola atenta aos acontecimentos de cyberbullying.

Dessa maneira, a escola deverá procurar atuar sempre na promoção da conscientização dos seus alunos, professores, pais e funcionários através de palestras, debates, filmes, seminários, exposições, no sentido de informar e conscientizar a todos sobre as consequências das ações do cyberbullying.

Somente o combate diário ao tema pode incutir ações preventivas nos atores envolvidos nesse processo. Promovendo o estudo, a análise, suas consequências e, principalmente, a prevenção sobre o cyberbullying, a escola se tornará fonte propagadora de exclusão da ação que gera constrangimento nas experimentações humanas, buscando aplicar técnicas, conhecimentos, práticas psicopedagógicas e incrementando metodologias com o intuito de extirpar essa vivência no cotidiano escolar.



CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de intervenção, o desenvolvimento da pesquisa, o desdobramento do projeto, a aplicabilidade de intervenção a ser realizada terá como ponto de partida a boa aceitação entre todos os agentes envolvidos no ambiente escolar de comum acordo em participar do estudo proposto. Uma hipótese levantada e priorizada será o entendimento dos motivos que levam os alunos a praticarem o cyberbullying. Entende-se que a pesquisa deve buscar verificar esses motivos, uma vez que os infratores, ou seja, os agressores virtuais muitas vezes mantem-se no anonimato.

Outra hipótese seria abordar o assunto através de um projeto que envolvesse o maior número de disciplinas possíveis e culminar com ações e propostas concretas para a erradicação desta situação na escola. Essa hipótese foi confirmada e a mais adequada para a escola estudada. O tema da pesquisa é incorporado no Projeto Político Pedagógico uma vez que busca o bem estar da comunidade escolar, destacando que ocorrerá seu desenvolvimento e efetiva aplicabilidade mediante a eminente relevância e aceitação por parte de todos que se voluntariarem a participar do estudo.

Podemos verificar através de observação social que muitos dos estudantes da rede pública ou privada já possuem acesso às redes sociais, aplicativos, entre outros, tendo em vista que conseguem responder positiva ou negativamente, podendo afirmar se já foram vítimas do cyberbullying, ou seja, possuem acesso à internet, quer seja via aparelho celular, computador, notebook e afins. Com relação aos objetivos específicos, o caminho de se introduzir um projeto institucional para informação e tratamento do assunto não somente de uma maneira isolada, mas sim a escola como um todo, é uma realidade concreta das escolas passiveis de estudo.

Dessa forma, corroborando com a minimização da degradação física-emocional das pessoas, de uma maneira clara, ou seja, diminuindo o acometimento dos casos no ambiente escolar e seus arredores do bullying em qualquer aplicabilidade que no momento vem aumentando sua incidência nas mídias sociais tendo por derivação o nome de cyberbullying e a criação de um projeto institucional para tratar o tema. A intervenção proporciona conhecimento para professores, funcionários, pais e alunos sobre o tema, preparando o ambiente escolar para outras atividades que desestruturem o bullying virtual.

A conclusão desta primeira fase do trabalho, de cunho bibliográfico, nos a partir de todo momento vivenciado atualmente, pandemia, isolamento social, COVID-19, revolução industrial indústria 4.0, robótica, inteligência artificial, redes sociais, mídias sociais, dentre outros -, a necessidade de conhecimento, análise e entendimento que o cyberbullying é uma situação social presente no cotidiano escolar tanto dentro como fora do mesmo.

É inerente e urgente que a escola trabalhe e intervenha de maneira conscientizada a comunidade escolar. É o caminho viável que a mesma possui para “enfrentar” tal situação.

Verificamos a necessidade e importância do papel da escola, seus agentes e atores em continuar informando e discutindo sobre os assuntos que geram problemas no cotidiano escolar visando a prevenção e o melhor convívio de todos, alcançando horizontes cada vez mais longínquos assim como acontece com as novas metodologias aplicadas ao ensino, utilizando a internet para propagar educação a áreas inimagináveis até o início do processo de isolamento físico e encurtamento das distancias no meio virtual, consequentemente voltar ao nosso novo normal tornando-o um ambiente único, prazeroso, aconchegante enfim o ambiente onde teremos ânsia de ser agentes ativos de transformação social.

Ainda que sejam grandes os desafios impostos na construção de estratégias capazes de minimizar os efeitos da violência nas relações e nos indivíduos, gerados pela prática do “cyberbullying” nas escolas, faz-se impressindível que haja uma visão crítica e reflexiva por parte da escola, na perspectiva de proporcionar a esses autores e vítimas a oportunidade de superação e transformação ao se tornarem protagonistas de sua história, principalmente na atipicidade do atual cenário da pandemia mundial provocada pelo COVID-19.



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